Hometown Story

Yasuhiro Wada: O meu nome é Yasuhiro Wada e a minha empresa é a Toybox Inc. Há cerca de 20 anos criei a primeira versão de Harvest Moon, que foi localizada em colaboração com a Nintendo. Na altura, a Nintendo não teve quaisquer problemas em ajudar-nos com a localização do jogo para o tornar mais fácil de compreender junto dos jogadores europeus. Estou-lhe muito grato por isto. Penso que já lançámos perto de 30 versões de Harvest Moon juntamente com a Nintendo e acho que pode dizer-se que Harvest Moon goza de bastante popularidade na Europa, o que me deixa bastante satisfeito. O último Harvest Moon no qual estive envolvido foi Harvest Moon: The Tale of Two Towns e agora estou concentrado em desenvolver um novo jogo que será lançado brevemente para a Nintendo 3DS: Hometown Story.

NoE: Pode falar-nos um pouco sobre o jogo?

YW: É um jogo que nos faz gostar de seres humanos, mais do que já gostávamos antes. O jogador começa com uma loja muito pequena, que vai aumentando à medida que o jogo avança. Esta é a premissa básica do jogo, ainda que aumentar cada vez mais a loja não seja o objetivo.

A maior diferença, em comparação com Harvest Moon, é que existe uma variedade de personagens bastante diferentes, todas com uma história profunda e cuidadosamente desenvolvida. O jogador determina a sua própria história interagindo e comunicando com as personagens, que são cerca de 30. Isso torna-se a história do jogador.

NoE: O objetivo do jogo não é aumentar a loja o mais possível, é fazer as pessoas felizes. Pode explicar-nos esse conceito?

YW: Não acho que o jogador tenha, necessariamente, de fazer cada personagem do jogo feliz! À medida que a loja aumenta vai recebendo mais visitas e os visitantes comunicam entre si. Mas não é só a loja que vai aumentando, uma vez que devido a essa expansão, a comunidade da aldeia vai melhorando.

Novas pessoas mudar-se-ão para a aldeia, o que significa também mais casas. Quando a loja recebe novos visitantes, o jogador fica a conhecer as suas preocupações, opiniões ou necessidades e cria laços com todas as personagens novas que chegam à aldeia. Dependendo da forma como o jogador interage com eles, poderá ser capaz de os guiar na direção da felicidade.

NoE: Porque escolheu a Nintendo 3DS para Hometown Story?

YW: A Toybox é uma empresa bastante pequena e não tínhamos orçamento suficiente para lançarmos o jogo para uma consola grande, pelo que escolhemos uma portátil compacta. Para além disso, desde o início da minha carreira que trabalho em estreita colaboração com a Nintendo e todos os nossos jogos lançados para as suas consolas têm sido um êxito. Então, achei que seria natural escolher a Nintendo também para este novo título.

NoE: Muitos dos seus jogos têm um tema semelhante, alusivo à vida no campo e à família. Qual acha que é o público-alvo dos seus jogos?

YW: As crianças, provavelmente, porque quero mostrar-lhes que não existem apenas jogos em que se luta e mata pessoas. Se existisse apenas esse género de jogos, alguns pais proibiriam os seus filhos de os jogar e eu quero que as crianças joguem, também com os seus pais, e o meu objetivo é mostrar-lhes como o mundo pode ser pacífico. Quero que cresçam e tratem bem as pessoas à sua volta.

NoE: Pensa que alguma vez gostaria de fazer um jogo mais orientado para a ação?

YW: Sim, acho que até gostaria. Desenvolvi o jogo de combates No More Heroes com o Goichi Suda e gostei. Tenho ideias na cabeça para coisas desse género, mas existem muitas pessoas com um talento enorme para criarem jogos de ação, por isso, neste momento acho que não tenho de o fazer!

NoE: Harvest Moon começou como um género de simulação de vida na quinta que se tornou bastante popular nos países ocidentais. Isso alterou, de alguma forma, a sua abordagem ao processo criativo?

YW: Bem, em primeiro lugar estou feliz por existirem tantos jogos em torno desta ideia da vida na quinta – fico feliz ao ver a minha ideia bem adotada! Para Hometown Story queria algo muito mais profundo, que envolvesse mais emoções, por isso não fui influenciado tanto por isto.

NoE: Algumas das pessoas envolvidas em Hometown Story são o compositor Nobuo Uematsu e aartista Atsuko Nishida. Como foi trabalhar com estes dois grandes nomes?

YW: Foi bastante simples porque já havíamos trabalhado juntos antes. Partilhei com eles as minhas ideias para o novo conceito e eles disseram que lhes parecia um bom projeto e que poderíamos fazê-lo juntos.

NoE: Há alguma coisa que queira dizer aos fãs dos seus jogos anteriores?

YW: Espero que todos os meus fãs gostem de jogar ainda mais títulos, que passem a gostar de mais pessoas e que se entusiasmem a jogar juntos!