Como ainda temos alguns minutos, querem acrescentar alguma coisa?
Bem, eu cá vou voltar ao trabalho.
(verificando se Miyamoto já saiu da sala) Vamos lá falar de tudo o que não queriam dizer à frente de Miyamoto-san!
(gargalhadas)
Mas depois a entrevista é publicada e…
Ele vai ler e descobrir-nos a careca! (risos)
(gargalhadas)
Está bem, vamos ter isso em consideração. Digam-me qual foi a pior coisa que Miyamoto-san vos disse?
A pior coisa foi…
Sendo que não dá “abébias” aos responsáveis de planeamento…
Foi um choque quando ele disse: “Façam outro modo!” Também nos dizia constantemente coisas como: “Não podem fazer isso” ou “Se continuam assim, nunca mais acabamos!” Tinha sempre a simpatia de nos dar este tipo de “conselhos”.
(gargalhadas)
Estou a ver – “conselhos”. (risos) E tu, Yamashita-san?
Trabalhei numa corrida de ciclismo sobre a qual o comentário de Miyamoto-san foi: “Isto é incrivelmente aborrecido!"
Não poupa ninguém, ele. (risos)
Disse-me assim: “Mas que tem isso de divertido?” Não tive outra escolha se não responder: "Pois, estou a ver..." Mas foi muito duro.
Dizer que alguma coisa é “incrivelmente aborrecida” é, de facto, duro. Não se consegue tirar nada de positivo daí.
Quando começámos a fazer a corrida de ciclismo, chegámos a uma fase em que não sabíamos bem o que fazer a seguir. Começámos sem ter um plano bem definido sobre como proceder.
E isso é uma coisa que Miyamoto-san detesta.
Mas os comentários dele acabaram por nos levar a reavaliar as características do jogo, e por isso estamos-lhe muito gratos. Hmmm… Se calhar exagerei aqui um bocadinho.
(risos)
Mas, fora de brincadeiras, acho que até tens razão. Se ele não tivesse dito o que disse…
Quando se trabalha sozinho sem supervisão, há sempre a tendência de optar pelo caminho menos complicado. Por isso, no final de contas, foi bom Miyamoto-san ter-se envolvido.
Além disso, tínhamos de fazer apresentações – uma espécie de relatório de progresso – após alguns meses de trabalho…
O temido relatório de progresso! (risos)
“Temido” é mesmo a palavra certa! (risos)
Cada pessoa tem de ficar de pé durante uma hora.
Tem de ficar de pé? (risos)
(gargalhadas)
Para explicar que jogos estão em desenvolvimento perante Miyamoto-san…
Então obriga-vos a dar explicações de pé.
É verdade. (risos) Cada pessoa tem de passar cerca de uma hora com Miyamoto-san, que diz: “Não me parece nada bem”. E nós respondemos: “Compreendo… Compreendo…”
E com 12 desportos e 24 modos de jogo, é um processo incrivelmente moroso.
É mesmo. Depois de estar nisto há uma hora e meia…
Depois de “estares nisso”… (risos)
O planeador responsável pelo Arco e Flecha… Não quero mencionar o nome da pessoa em questão, por isso chamemos-lhe H-san para preservar a sua dignidade...
Está bem, chamemos-lhe H-san.
Continuando... H-san estava a supervisionar o Arco e Flecha e era muito bom jogador. Normalmente não tinha problema nenhum em acertar em cheio no alvo.
Mas durante a reunião do relatório de progresso, quando estava a fazer uma demonstração do jogo, estava a tremer imenso.
Se olhássemos para o ecrã, dava para ver que não conseguia manter o arco estável de todo. Nunca vi ninguém a tremer tanto ao jogar, por isso disse: “Estás a tremer!” E ele respondeu: ”São os nervos!” (risos)
(gargalhadas)
Depois de ter chamado a atenção para o facto, ficou a tremer ainda mais.
Havia setas a voar por tudo o que era lado. Pergunto-me se o Wii MotionPlus será o primeiro aparelho do mundo a detectar o nervosismo.
(risos) Então e ele conseguiu suportar essa apresentação, de pôr os nervos em franja, sem que Miyamoto-san lhe desse uma nota negativa?
Dessa vez…
Como deves calcular, Miyamoto-san deu-lhe mesmo uma nota negativa!
(gargalhadas)
Mas, depois disso, melhorou imenso.
Julgo que são estas avaliações minuciosas que formam os pilares da qualidade do software do EAD11. Muito obrigado a todos por terem participado nesta entrevista. 11 EAD é o acrónimo de Entertainment Analysis & Development Division (Departamento de Análise e Desenvolvimento de Entretenimento) da sede da Nintendo no Japão.
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