Como é que começou o Wii Music, antes de se tornar num projecto oficial na empresa?
Insisti durante algum tempo com o Kondo-san, dizendo que se tínhamos uma equipa de som, devia-se fazer um jogo musical e não apenas músicas para os jogos. Na verdade, foi algo que tentámos várias vezes.
Quando é que foi isso?
Na altura do lançamento da Nintendo 64, vários jogos musicais para computador estavam no mercado e perguntámo-nos se conseguiríamos fazer algo parecido. Tentámos, mas como não tínhamos um objectivo específico—não tinha sido atribuído e não havia prazos—não se desenvolveu. Sabíamos que podíamos juntar algo e colocá-lo de parte a qualquer altura. Depois de fazermos algo, dizíamos: “Bem, não está mau” e ficávamos por aí.
É difícil terminar algo a menos que seja obrigado a isso.
Exactamente. Visto que estes meios esforços da equipa de som para criar um jogo musical já duravam há algum tempo, quando surgiu este projecto, insisti para o fazerem mesmo.
Com expressões como “encorajar” e “insistir”, é visível o quanto queria que este projecto tivesse sucesso e o quanto necessitava da contribuição de músicos profissionais. Se bem me lembro, logo no início, quando a Wii ainda estava em desenvolvimento, existia um programa de demonstração para testar o Comando Remoto Wii, que se tornou mais tarde no “jogo de orientação” que desvendaste na E3 em 2006.
Exactamente. Inicialmente servia apenas para orientar. Depois adicionámos a percussão e também apresentámos isso na E3. Estávamos a trabalhar para adicionar o violino, mas isso falhou. Na realidade, cada instrumento apresentava um conjunto de problemas. Achei que ia ser demasiado complicado e sugeri que se desistisse de alguns, mas todos persistiram e, antes de dar por isso, todos os elementos ficaram preparados.
Compreendo.
Por isso deixei tudo com a equipa de som. Mas depois arrastou-se e quase que não houve progressos. (risos)
Oh. (risos) Suponho que a equipa de desenvolvimento me contará as experiências e complicações quando falarmos mais tarde.
Tenho a certeza que sim. (risos) Falando grosseiramente, o projecto começou a evoluir quando nomeei Totaka-san como director. Trabalhou em música para muitos jogos, como o Animal Crossing, mas andei algum tempo a falar com o Takashi Tezuka para ter um papel de coordenador do projecto além de ser responsável pelo som.
O Totaka-san é bastante assertivo.
Sim, ele diz aos que estão próximos dele o que não gosta neles. E tem obviamente um conhecimento profundo de música.Falei uma vez com ele sobre improvisação de jazz. Soube que tocas para alcançar uma nota e sem pestanejar respondeu “claro!” Muito porreiro, não é? Já o deveria saber, pois às vezes faz actuações de jazz. Tenho uma compreensão racional do assunto. Existem acordes e escalas e se se souber para onde ir, pode-se tocar com esse objectivo. Mas não o consigo fazer. Uma das razões é que não tenho confiança. Pensei que se todos se divertissem a tocar livremente para um objectivo como aquele, seriam capazes de tocar uma variedade de expressões. Desde que tive esta conversa com o Totaka-san e ele ficou a pensar nisso, achei que seria óptimo se conseguisse criar um jogo dessa forma.
Hmm, agora tenho a certeza que as suas experiências musicais tiveram efeito neste jogo. Se tivesse aprendido a tocar um instrumento, talvez nunca tivesse surgido o conceito de o Wii Music servir para alguém tocar música movendo apenas o Comando Remoto Wii.
Suponho que sim. Se tocasse algum instrumento, poderia ver este jogo como um sacrilégio contra a verdadeira música.
(risos)
De qualquer forma, determinei o conceito básico e nomeei um director. Depois deixei com a equipa de desenvolvimento. Por vezes ouvia as apresentações e aborrecia-os com questões como “Porque não fazer assim?” e “Porque excluíram isso?” Pode-se dizer que era a claque.
Iwata: Acho que sei o que queres dizer. (risos)
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