(Depois de ver o vídeo da orquestra) Aposto que as pessoas que estiveram presentes também se divertiram muito.
É verdade. Desta vez, muitos dos empregados disseram "Quero ver as gravações!", e eu também queria, por isso todo o departamento de desenvolvimento foi à sessão...
Todos? Não levaram apenas parte dos empregados? Levaram todas as pessoas envolvidas no desenvolvimento?
Sim. Fizeram todos uma visita de estudo.
Uma visita de estudo em equipa... Yokota-san, isso foi muito extravagante da tua parte. (risos)
Oh, sim. (risos) Claro que teria sido impossível, se os "superiores" não tivessem concordado. Não havia espaço suficiente na sala para entrarmos todos ao mesmo tempo, por isso vimos a gravação por turnos...
E o que é que o Miyamoto-san disse?
Não desgostou da ideia. Disse qualquer coisa como: "Bem, é perto. Porque não?"
Compreendo.
Queria mesmo que todos vissem como era, que vissem todas aquelas pessoas com instrumentos diferentes a criar uma peça de música.
Querias mostrar-lhes como era a actuação.
Sim, isso mesmo.
Sabes, basta ver o vídeo para ouvir a música da orquestra de uma maneira diferente em algumas partes, não achas? Ao ouvir apenas o CD, não sabemos as expressões que as pessoas fazem quando tocam ou que tipo de pessoas são. Depois de ver, penso que compreendo o teu objectivo quando pensaste "quero que todos vejam isto" e os levaste contigo.
Muito obrigado. É um alívio. (risos)
Penso que isso também afectou a equipa. Pode ter alterado o seu sentido de música e a forma como pensam no trabalho em conjunto.
É verdade. Um dos programadores disse: "Temos de elevar muito mais a fasquia da nossa qualidade de imagem, para não perdermos para a música!" E alguns membros, que nunca se mostraram comovidos com nada, disseram: "Bem, fiquei muito comovido." E o que os comoveu ao certo? Embora seja uma gravação orquestral, a orquestra não é capaz de tocar a música de seguida à primeira. No início, é um pouco estranho. Tão estranho que chegamos a pensar se alguma vez conseguirão tocar bem.
Mas ensaiam algumas vezes e podemos ver que melhoram, diante dos nossos olhos.
Isso mesmo. Podemos ver o poder de concentração e a maior consciência dos profissionais a trabalhar, decididos a chegar à perfeição. Esse aspecto foi transmitido até às pessoas que não estavam envolvidas na música. Ouvi muita gente dizer: "É como fazer um jogo, não é?"
Na criação de um jogo, começamos por avançar às cegas e depois aproximamo-nos cada vez mais da perfeição. Parece mesmo a actuação de uma orquestra.
Sim. Se as pessoas das várias secções não se esforçarem ao máximo, a música não ficará completa. Para mim, isso era igual à criação de um jogo.
Os músicos foram muito profissionais. Levantavam a mão e diziam "deixem-me tocar esta parte outra vez", mesmo que ninguém perto deles tivesse reparado num erro.
Miyamoto-san também me falou disso. A atitude proactiva dos músicos impressionou-o bastante. Contou que era interessante ver os músicos dizer "desculpem, deixem-me tocar esta parte mais uma vez", apesar de ninguém ter reparado num erro. Viu-os tocar aquela parte de novo, repetindo o processo vezes sem conta, até que, aos poucos, tudo se compôs.
Fiquei muito espantado com a atitude deles. Acabavam de tocar e pensávamos que a gravação tinha ficado bem, mas quando estávamos prestes a dizer "óptimo, vamos passar à música seguinte", eles diziam: "Não, esperem!"
Além disso, os outros músicos não resmungavam por causa disso. Colaboravam todos uns com os outros e pareciam ser muito receptivos a críticas.
Isso mesmo. Uma pessoa corrigia algo e era seguida por outras, umas atrás da outras, que levantavam a mão e diziam: "Eu também me enganei." Sinceramente, eu nem percebia onde se enganavam, mas percebi claramente que tocaram cada vez melhor.
Nagamatsu-san, o que é que pensaste?
Quando era estudante, fiz parte de uma orquestra e de uma banda de metais...
Tocavas um instrumento?
Sim, tocava e também compunha músicas para a banda de metais.
Então já conhecias esse mundo. Qual foi a tua impressão quando viste esta gravação?
Fiquei muito comovido. O calibre era completamente diferente. Reuniram-se os melhores músicos para esta gravação, eram grandes profissionais.
Quantas pessoas estiveram envolvidas?
Sessenta, só na orquestra. Da última vez, eram cerca de cinquenta, por isso, nesse aspecto, também foi um pouco maior. Depois, além dos músicos, também o maestro era um grande profissional. Um homem chamado Taizou Takemoto4... 4 Taizou Takemoto: Um maestro que trabalha com vários géneros, em música para cinema e videojogos, focando-se sobretudo na música clássica.
É o mesmo Takemoto-san do concerto dos Smash Bros.5, não é? Também tive o privilégio de o conhecer e de falar com ele. 5 Concerto Smash Bros.: O "Super Smash Bros. Melee Orchestral Concert", realizado em Tóquio, em Agosto de 2002. Organizado pela Nintendo e pelo HAL Laboratory, Inc.
Oh, sim, é verdade. Desta vez, antes de dirigir a orquestra, pedimos a Takemoto-san que passasse pela Nintendo e deixámo-lo ouvir uma demo da música. Quando lhe perguntámos se queria ouvir primeiro a música sozinha, respondeu: "As pessoas que vão jogar não vão ouvir a música sozinha e provavelmente vão jogar também com os efeitos sonoros, por isso gostava de a ouvir assim também."
Então Takemoto-san disse que aceitava agitar a batuta depois de compreender o papel que a música de fundo desempenhava no jogo.
Sim, isso mesmo.
Foi semelhante ao que vimos antes, com os músicos. Sabiam o papel que tinham a desempenhar e tentaram sempre alcançar a perfeição, mesmo depois de nós dizermos que estava tudo bem.
É isso mesmo.
Foram mesmo grandes profissionais.
Além disso, Takemoto-san já gostava muito de jogos. Usava terminologia de videojogos, mesmo durante o nosso encontro. Nós dizíamos, por exemplo: "Nesta luta com o boss final, gostávamos que a música fosse séria e pesada." E ele respondia: "Na luta com o boss final, compreendo." (risos)
Depois, quando estava a dirigir a orquestra, o modo como se explicava aos músicos também era impressionante. Dizia coisas como: "A peça que vamos tocar a seguir surge durante o confronto dramático com o boss final!"
(risos)
Ou: "Esta é a cena em que salvam a princesa, por isso toquem todos como se fossem heróis!"
Dizia essas coisas enquanto dirigia a orquestra? Deve ter sido muito electrizante.
Além disso, é um prazer ver Takemoto-san a dirigir uma orquestra. A forma como mexia as mãos parecia quase um ballet. Na música da cena do deserto, parecia que estava a dançar.
Enquanto dirigia, agitava o corpo como se fizesse uma dança árabe.
Uau...
Acho que a forma como transmitiu o ambiente enquanto dirigia com o corpo, e não apenas com as palavras, foi espantosa.
No vídeo que acabaram de ver, havia uma cena em que Takemoto-san parecia estar a divertir-se muito a dirigir a orquestra. Quando o maestro é assim, os músicos sentem que têm de tocar de uma forma agradável e esforçam-se ainda mais. Por essa razão, mesmo comparado com o jogo anterior, penso que a música no geral é emocionalmente mais rica.
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