3. Músicas ao estilo Big Band

Ora bem, soube que foi muito difícil conseguir a aprovação de Miyamoto-san para a gravação da orquestra, quando fizeram o jogo anterior. Como correu desta vez?

Desta vez, a abordagem também foi muito tímida. Como fizemos o mesmo no jogo anterior, seria de esperar que ele desse logo a autorização. Mas, por outro lado, visto que se tratava de uma sequela, receámos que pudesse dizer: "Porque é que não usam a música criada para o jogo anterior?" Assim, para mostrar primeiro a Miyamoto-san como a música do jogo anterior tinha funcionado bem, criámos algum material para lhe apresentar.

Então reuniram material para lhe mostrar o valor existente numa gravação de orquestra?

Isso mesmo. Demorámos dois dias a reunir o material, demo-lo ao Miyamoto-san e dissemos para o analisar primeiro. Depois dissemos, muito timidamente: "Gostávamos que também gravasse a orquestra deste jogo." E, sem hesitar, ele respondeu: "Claro. Porque não?" Sem mais nem menos. "Fizemos isso no jogo anterior, suponho que os músicos também vão gostar da ideia", disse ele. Assim, quando nos disse "nesse caso, porque não", respondemos: "Óptimo. Então vamos levar este material de volta, para continuarmos a trabalhar!"

Compreendo. (risos) Para começar, penso que o conceito se enraizou no facto de este jogo ter uma base boa e sólida, o primeiro jogo, e essa base não fora totalmente usada. Sendo assim, construir algo novo sobre essa base permitia-nos criar algo mais atractivo. Aposto que Miyamoto-san pensava isso. Já que a ideia fora tão boa para o jogo anterior, claro que teria de ser repetida.

Penso que foi isso. No fundo, tenho quase a certeza de que pensava: "Porque não pegar nas partes que foram boas e torná-las ainda melhores?" Depois usámos mais música de orquestra do que no jogo anterior. Além disso, também usámos música do estilo Big Band⁶ . Ouçam esta peça.

O que é que achas?

É claramente diferente da música de orquestra. Diria que esta peça tem algo de nostálgico, como se sentíssemos a presença dos jogos Mario anteriores.

É isso mesmo. Então, Kondo-san, pedia-te que comentasses.

Bom, uh... Criei esta peça, é verdade, mas... porquê eu?

Para manter as coisas interessantes. (risos).

(risos)

Bom, durante o último "Iwata Pergunta", disse qualquer coisa como: “Gostava de ter criado mais canções, mas não pude criar muitas.”

Sim, lembro-me disso.

Então, desta vez fui responsável por cinco músicas, mas, na verdade, pensei que tinha recebido tópicos difíceis para três delas: a música do Yoshi que acabámos de ouvir (Yoshi Star Galaxy) e a música que toca na Starship Mario, além da música da Fortaleza de Bowser Jr.. Pensei que podia ser uma vingança subtil de Yokota-san, por ter dito isso.

(risos)

E qual foi a tua verdadeira intenção, Yokota-san?

Visto que Yoshi aparece pela primeira vez neste jogo, pensei que, se fosse eu a compor a melodia, iria provavelmente tornar-se uma extensão da música de Super Mario Galaxy.

Então decidiste chamar alguém diferente, alguém com gostos diferentes, que fizesse realçar mais o Yoshi.

Isso mesmo. Além disso, Kondo-san é particularmente bom com as músicas de Yoshi. Arrisquei e pedi-lhe que não fizesse uma música de orquestra.

No início, o director do jogo disse-me que queria uma música um pouco primitiva. O jogo passa-se no espaço, no meio das estrelas, e, apesar disso, eu tinha de evocar um ambiente de “tempos antigos”, por isso não sabia bem que tipo de música compor.

E o que te fez escolher este arranjo, depois de tanta preocupação?

Como acabámos por ter um céu azul como pano de fundo, não tive de me preocupar muito em criar um ambiente “cósmico”. Assim, para reforçar a imagem de “tempos antigos”, usei um tambor.

Havia algum uso de tambores, não havia?

Sim. Na série, até agora, tinham adicionado percussão à música sempre que Mario montava Yoshi, por isso pensei que um ritmo de tambores africanos podia resultar bem. Primeiro criei o ritmo e depois, quando surgiu a melodia, pensei no surgimento de um tom profundo...

Foi o saxofone?

Exacto. Pedi que usassem um saxofone barítono e foi essa a melodia que acabámos por usar.

Essa música foi gravada noutra sessão, não na sessão da orquestra?

Foi no mesmo dia, mas usámos instrumentos de sopro e metais de Big Band e pedimos que criassem uma peça divertida e animada.

Foste tu quem teve a ideia de usar um som de Big Band, Yokota-san?

Bom, enquanto negociava com os representantes do departamento de música, descobri que um saxofonista, que já tocara no mundo inteiro, iria participar nesta gravação.

A nossa intenção sempre foi não ter uma peça de orquestra, e pensei que seria possível não usar instrumentos reais, mas acabámos por usar um saxofone verdadeiro e fico contente por isso.

O som “ao vivo” que se obtém com instrumentos verdadeiros dá-lhe um ambiente diferente.

Sim, é verdade.

Penso que, quando usamos instrumentos verdadeiros, há uma impressão emocional que é transmitida aos jogadores e torna o jogo mais agradável.

Na verdade, quando terminei esta música, fiquei muito preocupado. Não sabia se seria suficientemente boa. Mas ninguém a vetou.

Não, pelo contrário. Penso que correu muito bem. O jogo começa com uma música magnífica e imponente e depois ouvimos esta melodia numa fase inicial. Creio que, ao ouvi-la os jogadores pensam: “Oh, isto é diferente do jogo anterior.” Mas, quando dizemos que criámos peças assim, pode parecer que usámos menos a orquestra...

Mas isso não aconteceu, de todo.

Não. Tínhamos cerca de sessenta músicos de orquestra, mas também havia dez músicos de Big Band na sessão de gravação, além dos da orquestra. No total, havia cerca de setenta músicos.

Mais 20 do que no jogo anterior. Por outras palavras, a música deste jogo tem um som mais orquestral do que a do jogo anterior e, além disso, tem muitas tonalidades de Big Band.

Exacto. Era exactamente isso que eu estava a tentar dizer!

(risos)