Ora bem, Dr. Kawashima… Os exercícios deste novo jogo são de facto muito desafiantes! (risos)
Pois são! (risos) É por isso que o jogo tem “diabólico” no nome: Devilish Brain Training. Para dizer a verdade, fi-lo a pensar em mim...
A pensar em si?! (risos)
Sabe, é que eu já tenho mais de 50 anos – tal como o Iwata – e quando tenho de lidar com estudantes universitários energéticos na casa dos 20, a minha cabeça não funciona tão bem quanto eu gostaria…
E esquece-se de coisas, é?
Pois esqueço! (risos) Às vezes os alunos chamam-me à atenção e eu não gosto nada disso. Como doutor, quero ser o melhor e ter controlo total!
Quer mostrar-lhes quem manda ali – e ter a certeza de que ganha em caso de confronto!
Exatamente. Se pensar honestamente sobre as vantagens dos meus alunos, diria que é a memória de trabalho. Sei bem que a memória de trabalho se deteriora com a idade, por isso encontrar uma forma de melhorá-la sem ninguém dar por isso...
Sabe que vamos lançar estes exercícios num jogo, não sabe?! (risos)
Sim, mas nada me impede de não dizer às pessoas o que ando a fazer! (risos) Quero exercitar novamente a minha memória de trabalho para que o meu cérebro trabalhe tal e qual como quando era jovem. Tenho muitos mais conhecimentos agora do que na altura, por isso se puder processar esses conhecimentos melhor, serei invencível durante uns tempos. Pelo menos é essa a minha ambição! (risos)
(risos) Então apesar de querer que Devilish Brain Training contribua para a sociedade, também quer colher benefícios para si!
Já que falamos em contribuir para a sociedade, gostaria de recomendar Devilish Brain Training aos jovens que estudam.
Bem, “memorizar” não é nada mais do que recuperar informações no momento certo depois de serem colocadas na memória de trabalho. A capacidade e o funcionamento da memória de trabalho determinam, assim, se uma pessoa tem jeito ou não para lembrar-se das coisas.
Exatamente. Do mesmo modo, pode considerar-se que utilizar Devilish Brain Training para estudar para exames pode contribuir para obter melhores resultados. Quanto maior a capacidade da memória de trabalho, mais informação se tem “online”, por assim dizer, e mais precisas e exatas se tornam as decisões. Também o recomendo para as pessoas já inseridas no mercado de trabalho, uma vez que necessitam de tomar decisões rapidamente.
Foi refrescante ouvi-lo dizer que as pessoas devem jogar durante cinco minutos todos os dias e não passarem horas a treinar. Concluiu que estes exercícios não trazem necessariamente mais vantagens por os fazermos mais vezes, é isso?
É isso mesmo. Testei os exercícios em alguns dos meus alunos. Um deles queria melhorar as funções cerebrais fazendo um treino intensivo durante um curto período de tempo – treinava de quatro a seis horas todos os dias.
Seis horas a fazer exercícios tão cansativos?!
Pois. Eu nunca o conseguiria fazer, mas os estudantes do Laboratório Kawashima são resistentes. Também lhes era oferecido um salário, como se se tratasse de um trabalho a tempo parcial, o que deve ter ajudado ao nível da motivação! (risos)
(risos)
Depois de cerca de cinco dias, medimos a atividade cerebral do aluno. O que nos impressionou foi o facto de a capacidade do córtex cerebral ter diminuído, quando a nossa expectativa era oposta. Os dados mostraram que o cérebro tinha emagrecido.
O que quer dizer com isso de o cérebro ter “emagrecido”?
Bem, aqui está uma possível explicação: como disse anteriormente, a espessura do córtex cerebral atinge o seu máximo quando temos entre oito e dez anos de idade e vai ficando mais fina à medida que se vai desenvolvendo. Pode ter acontecido o mesmo neste caso. O cérebro pode ter-se tornado um órgão com um melhor funcionamento e com uma rede mais eficaz, mas com uma capacidade menor.
Compreendo.
Mas penso que há aqui uma contradição… Agora estou a investigar porque é que sessões de jogo curtas durante um mês aumentam a capacidade do cérebro, enquanto as sessões longas durante um período curto a diminuem. Estou também a investigar a causa da alteração de maior para menor capacidade.No caso deste aluno, a região da área pré-frontal cuja capacidade tinha reduzido mais era a região responsável pela comunicação interpessoal. Os resultados da investigação demonstram que mais nem sempre é melhor.
Sentiu que havia uma boa possibilidade de as alterações causadas não serem positivas?
Sim. Fazer exercícios durante seis horas por dia produz efeitos nas outras 18 horas. De certo modo, está a sacrificar-se o resto do dia. Por outras palavras, os resultados para mim significaram que o volume do cérebro reduziu porque a parte do cérebro correspondente à comunicação interpessoal não tinha sido utilizada.
Compreendo.
Claro que ainda não temos uma explicação certa, por isso a nossa conclusão é que, até a causa ser esclarecida, é melhor não jogar muito tempo.77 Devilish Brain Training oferece oito tipos de exercícios para treinar a memória de trabalho. O software só permite jogar cada exercício durante cerca de cinco minutos por dia (um máximo de 40 minutos: 5 minutos × 8 tipos de exercício).
O que é que aprendeu desde que começou a focar-se na memória de trabalho?
Bem, no início só compreendíamos a “entrada” e a “saída” da memória de trabalho. Falamos, portanto, de input e de output. Se praticarmos atividades tais como a leitura, a escrita e a aritmética (input) melhoramos várias capacidades (output). Depois concluímos que a prática da leitura, da escrita e da aritmética fazia a área pré-frontal trabalhar imenso – por outras palavras, descobrimos uma das funções da parte da “entrada” do cérebro. Mais tarde, à medida que investigávamos porque é que isso acontece, concluímos que melhorar a velocidade de processamento do cérebro tem outros efeitos, e por isso é que o título anterior de Brain Training se centrava na melhoria da velocidade de processamento.
É por isso que o exercício “ Calculations × 20 ”8 tem tempo limite, não é?8 “Calculations × 20” é um dos exercícios do título Brain Training: How Old is Your Brain? O jogador tem de inserir as respostas de problemas aritméticos simples que vão surgindo sucessivamente e tentar responder a 20 problemas o mais depressa possível. Este exercício também está incluído em Devilish Brain Training na secção “Training Supplements”.
É verdade. Contudo, uma boa memória de trabalho pressupõe não só velocidade como também capacidade. A parte do cérebro que funciona a grande velocidade ao praticar a leitura, a escrita e a aritmética só utiliza a capacidade já existente da memória de trabalho. Estamos a descobrir que para melhorar várias funções cerebrais é mais eficaz aumentar a capacidade da memória de trabalho do que a sua velocidade.
Compreendo.
Quanto às experiências para aumentar a capacidade da memória de trabalho, levámos a cabo um treino psicológico com exercícios “n-back”9 e “span”10 – ambos incluídos em Devilish Brain Training. Os resultados demonstraram que várias funções cerebrais melhoraram, tal como melhoram quando se pratica a leitura, a escrita e a aritmética.9 Nos exercícios “n-back” o jogador tem de responder a um problema que foi apresentado N vezes antes, em vez de responder ao problema apresentado no momento. “1-back” pede ao jogador que dê a resposta do problema anterior, “2-back” pede ao jogador que dê a resposta do problema apresentado no antepenúltimo problema, e por aí fora.10 Nos exercícios “span” o jogador observa nove símbolos numa grelha de 3 × 3 aparecerem e desaparecerem ao acaso, um a um. O jogador tem de tentar lembrar-se da ordem pela qual os símbolos apareceram.
Parece que a profundidade e a amplitude da sua capacidade de responder à questão “o que é que acontece quando se joga Brain Training?” aumentaram, Dr. Kawashima.
Sim, sim, é completamente diferente em relação há uns tempos atrás. Agora já percebo porque é que a “entrada” e a “saída” estão ligados. A continuação deste processo de experiência irá dar-me um maior entendimento da questão.
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