Takahashi-san, podes falar-nos do teu conceito original da banda sonora para Xenoblade Chronicles?
Não quis restringi-la a um instrumento ou género em particular. Claro que existem outros potenciais caminhos a adotar: limitá-la a instrumentos acústicos, por exemplo. Mas acho que isto cria inevitavelmente uma certa sensação de monotonia. Foi por isso que preferi usar uma vasta gama de instrumentos para este título, pensando que também seria bom misturar instrumentos de cordas clássicos com sons mais elétricos. Afinal, Tomori-san é originalmente um guitarrista.
Pois! (risos)
Como se trata de um RPG, é certo que existirão sempre cenas de batalhas com elementos de um RPG. Mas, na verdade, eu queria usar música e instrumentos de uma maneira que, de alguma forma, fossem contra esse tipo de atmosfera.
Então querias usar instrumentos que tivessem um sabor único, criando assim uma banda sonora mais variada?
Certo.
No início, Takahashi-san disse-nos que não queria que o fizéssemos soar como um “RPG típico”.
Estou a ver. Mas isso implica um verdadeiro desafio, não é?
Mas noutras ocasiões ele dizia: “Faz isso de forma normal...”
...Huh? Quando ouviste isso, não sentiste que era algo ambíguo?
Como podes imaginar, a minha reação foi mesmo de surpresa. (risos)
Bem, é porque queria afastar-me do som que esperarias sempre de um RPG. Mas – e sei que isto soa um bocado gabarolas – no fim, acho que os resultados finais foram bons. Cada uma das faixas em que os diferentes membros da equipa trabalharam tem a sua própria individualidade, mas se as ouvires em conjunto, acho que não conseguirás distinguir quem criou o quê.
Ah, então encaixam-se todas na perfeição.
Sim, acho que se enquadram no mundo do jogo de forma perfeita. E, para além disso, a música é realmente multifacetada.
Também escutei todas as peças que Kiyota-san e Ace+ tinham composto e achei que eram fabulosas. Tinha visto todas as trocas de e-mails em que tinham ajustado e revisto coisas até ao mais ínfimo pormenor e sei que haviam tido muita dificuldade em implementar os tais pedidos adicionais. Fiquei muito impressionada com o que conseguiram.
Então podias ver que tinham ultrapassado muitas dificuldades para criar esta ou aquela faixa.
Certo. Seis indivíduos pegaram na sua própria paixão e conseguiram ultrapassar essas diferenças para juntos criarem a música para um único jogo. Isto torna a banda sonora muito fácil e agradável de ouvir.
Tens algo a acrescentar, Mitsuda-san?
A faixa pela qual fui responsável é a que acompanha o epílogo. A música que os outros criaram leva esta saga épica à sua conclusão pelo que me deparei com bastantes dificuldades ao escrever esta peça. Eu sabia que tinha de fazer com que tudo convergisse num todo e manter essa ligação às outras músicas.
Sim, sabias que toda a gente se tinha esforçado bastante.
Estava consciente de que todos haviam trabalhado arduamente nisto e dava para sentir esse vasto poder. Sabia que todos esses esforços não poderiam ser desperdiçados e foi com isso em mente que trabalhei para a música do epílogo.
E Takahashi-san tinha dito que Mi-chan era a única pessoa a quem ele poderia pedir para compor a música final! (risos)
Por isso é que foi uma tarefa de alta pressão! (risos) Estava no meio de Taka-san e da música que o resto da equipa criara, o que me colocou numa posição desconfortável, mas acabei por gostar muito da peça. Penso que o resultado final desempenha bem o papel de completar na perfeição a saga épica, e espero mesmo que as pessoas percam um pouco de tempo a ouvi-la com atenção.
Kiyota-san, dado o teu envolvimento no aspeto musical das coisas, há algo em especial que gostasses de recomendar?
O que sinto é que esta poderá ser a primeira vez que alguém reuniu uma variedade tão grande de músicas, cada uma proveniente de uma visão do mundo única, e as juntou numa só. É por isso que acho que mesmo que só ouças a música, poderás desfrutar de todo o tipo de mundos diferentes.
Acho que tens razão. Muita gente uniu forças para produzir algo extremamente variado mas que ainda assim funciona como um todo. Acho que devemos isto à edição de Takahashi-san e aos ajustes que fez. O jogo começa com uma peça suave composta por Shimomura-san , com o piano a conferir-lhe uma sensação de cortar a respiração. Outras faixas incluem a voz de Kiyota-san e são mesmo bonitas, com harmonias celestiais. Também canto e pude fazê-lo no refrão. Hiramatsu-kun toca órgão, enquanto Tomori toca guitarra, o que significa que também há faixas com som ao vivo das quais as pessoas decerto gostarão. Para finalizar, Mitsuda-san compôs uma faixa fantástica para o final da saga, e acho que talvez... Quando comprar, acho que vou chorar.
Então vem com o selo de qualidade de CHiCO a chorar! (risos)
(risos)
E tu, Tomori-san?
Eu limitar-me-ei a reiterar o que outros já disseram. Incumbiram-nos da tarefa de criar música que fosse muito mais do que a típica banda sonora de um RPG, e inicialmente foi mesmo um processo de tentativa e erro.
Deve ser muito duro trabalhar sem ter um modelo a seguir.
Exatamente. Mas acho que no fim, conseguimos criar algo que se coaduna como um todo e eu adoraria que as pessoas pensassem que, embora não soe como outros RPG, tem um som fantástico.
Gostarias que os jogadores gostassem da forma como difere de outros RPG. OK, finalmente falas tu, Hiramatsu-san.
Quando comecei a trabalhar na música, queria ter uma ideia da imagem que procurávamos e então joguei o título durante o desenvolvimento. Nessa altura, só havia conteúdo áudio temporário, mas a profundidade das imagens impressionou-me bastante. Quando me disseram que podias caminhar até aos penhascos à distância, senti mesmo a escala e a sensação de espaço no mundo do jogo. Fiquei bastante entusiasmado.
Independentemente da forma como o vês, não parece nada o tipo de comentário que um compositor faria em circunstâncias normais! (risos)
Lamento! (risos) Agora estou mesmo ansioso pelo momento em que o jogo fique concluído e eu possa pegar no comando e explorar o mundo com o meu coração a palpitar...
Esse é um comentário digno de um verdadeiro gamer! Muito obrigado! (risos)
(risos)
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