11. Foi fácil fazer Mario?
Uau! Falámos o suficiente hoje para encher um livro!
(risos)
Foi mesmo! (risos)
Sinto que não disse nada de terrivelmente único, mas parte do que disse mostra também uma perspectiva nova. Não nos focámos directamente na série Mario, mas acho que tudo aquilo de que falámos está relacionado com a razão pela qual conseguimos criar esses jogos.
Muita desta conversa é relevante para jogos Mario. Se mantivesses isso em mente e lesses as partes anteriores desta conversa, tenho a certeza de que encontrarias muitos pontos que te fariam pensar “Oh, é assim que ele faz jogos Mario!”
(risos)
Pensando nos últimos 25 anos, tem havido muitos jogos Mario. Mas quando estavas a fazer Super Mario Bros., não estavas a pensar sequer em Mario 25, certo? 5 Super Mario Bros. 2: O segundo jogo de acção Super Mario lançado para a Family ComputerDisk System em 3 de Junho de 1986. Este jogo é conhecido na Europa como Super Mario Bros.: The Lost Levels.
Certo.
É por isso que penso que durou tanto tempo. Por outras palavras, não fazias ideia do próximo jogo Mario. Acho que é um truque eficiente. Se tivesses feito cada jogo com um mapa, pensando no que irias fazer com o próximo jogo e com o jogo a seguir a esse, acho que não teria durado tanto tempo. Não teria saído assim se tivesses feito inquéritos aos jogadores, se tivesses perguntado o que era esperado do próximo jogo Mario e se tivesses feito desses elementos desejados a essência do jogo seguinte.
Suponho que não. Perguntam-me sempre como faço a série Mario, mas é como se estivéssemos a improvisar os jogos à medida que avançamos. Só posso responder que cada vez é diferente, por isso não sei.
Estou a ver.
Olhando para trás, o que tem sido fácil na concretização de jogos Mario é que puderam acompanhar naturalmente o progresso da tecnologia. Por exemplo, quando fazes filmes, tens novos métodos à tua disposição à medida que a tecnologia dos efeitos especiais avança. Da mesma forma, à medida que a tecnologia avança, os jogos Mario vão mudando também. Pelo contrário, os livros têm sido basicamente feitos da mesma forma. Se tivesse sido necessário continuar a fazer jogos Mario da mesma forma, jamais o conseguiríamos ter feito. Nesse sentido, tem sido fácil concretizar os jogos Mario.
Não foi fácil, certamente! (risos)
Sim... (risos)
Bem, acho que isso se deve ao teu método de trabalho.
Mas a tecnologia muda e temos de nos adaptar a ela. E à medida que a tecnologia avança, também muda o que queres fazer. Se não fosse isso, acho que não conseguiria ter ficado “preso” a isto durante tanto tempo.
Hmm, o que será que todos pensarão quando ouvirem isso da pessoa que faz os jogos Mario há 25 anos...
Umm… (risos)
Então é fácil?
Sim, é fácil.
Isso é…fantástico!
(risos)
Isso é bom. É um campo diferente, mas vejamos o exemplo das pessoas que cantam bem. Independentemente do que as pessoas digam, não consigo deixar de pensar que talvez seja fácil para eles.
Sim. Quando existem várias possibilidades, escolho a mais fácil. Durante algum tempo, considerei o Professor Rubik, que criou o Cubo de Rubik, uma espécie de rival. Sempre pensei que seria bom criar algo como um Cubo de Rubik. Falei sobre isso a muitas pessoas.
Uh-huh…
Durante 20 anos, sempre pensei que os Cubos de Rubik eram fabulosos e sempre quis fazer algo como eles mas nunca tentei. Por isso devo estar a olhar para isto com leveza. Mesmo que não o consiga fazer, poderia pelo menos tentar, mas nunca o fiz.
Que lógica interessante. (risos)
De forma semelhante, sempre disse que queria tornar-me num artista de manga. Uma vez, pensei de repente que o poderia ainda fazer se quisesse. Então declarei a Tezuka-san que tentaria desenhar uma tira de banda desenhada simples de quatro frames. Desenhei um esboço para um, mostrei-lho e ele disse que estava bom mas não fiz mais nada desde aí. (risos) Na verdade, fazer jogos Mario é fácil.
Acho que significa que adquiriste a capacidade natural de fazer jogos Mario bem.
Sim, talvez.
Da mesma forma que a cartilagem do cotovelo do jogador que lança a bola no basebol muda, também tu mudas como pessoa ao fazeres jogos. Assim, quando tu e alguém percorrem juntos um trajecto, tu – ao contrário dessa pessoa – percorres esse caminho na pele de alguém que faz jogos Mario. Quer dizer, mesmo quando estás a assistir a Ge Ge Ge no Nyobo, estás a acumular materiais para um jogo Mario.
Quando estou a ver Ge Ge Ge no Nyobo, os meus pensamentos sobre a história de vídeos e de videojogos de manga sobrepõem-se. Penso que são bastante semelhantes!
(risos)