Aonuma-san, hoje gostaria de começar por te perguntar como foi a tua experiência na digressão de concertos1 que passou pelo Japão, Estados Unidos e Reino Unido. Estive em viagens de negócios, por isso não pude assistir a nenhum dos concertos, mas toda gente que foi fala deles com alegria. 1Digressão de concertos: A digressão de concertos sinfónicos comemorativos do 25.º aniversário de The Legend of Zelda decorreu em outubro, no Japão, na América e no Reino Unido, para comemorar o 25.º aniversário da série The Legend of Zelda.
Sim! (risos) Estou muito agradecido porque todos os que vieram disseram que foi excelente.
Ouvi dizer que muitas pessoas tinham lágrimas nos olhos enquanto ouviam.
É verdade. Eu também tinha. Ouvir uma orquestra ao vivo despertou muitos sentimentos em mim. Caíam lágrimas e, ao longo do concerto, sentia-me cheio de felicidade e estava todo arrepiado.
Não apenas por um momento, mas durante todo o concerto.
Sim. No Japão, muitas pessoas escutavam com lágrimas nos olhos. Até o apresentador estava surpreendido.
Acho que todos se recordaram das experiências que viveram quando jogavam os jogos. A música tem o poder de despertar memórias.
Nos concertos no estrangeiro, eram projetadas imagens dos jogos num ecrã. No meu caso, eu recordava-me da criação dos jogos.
Ah, claro. (risos) As tuas memórias incluem criar os jogos.
Sim. Tivemos situações difíceis, tivemos todo o tipo de situações. (risos) Recordei vividamente as memórias desse tempo.
Ouvi dizer que, no concerto em Los Angeles, toda a gente aclamava enquanto ouvia. (risos)
Os Estados Unidos foram uma experiência e tanto!
Quando ouvi isso pela primeira vez...um concerto de rock é uma coisa, mas achei que pessoas aclamarem num concerto de música clássica era um exagero.
Aclamavam mesmo! (risos) O tempo todo não, claro. Mas, quando as músicas e as imagens mudavam, gritavam “Yaaay”!
Uau. (risos)
Incapazes de se conterem, davam voz ao que sentiam. Simplesmente não era uma ocasião para se sentarem e ouvirem em silêncio.
Talvez seja essa a diferença entre a cultura ocidental, que é menos hesitante a expressar emoções, e a cultura japonesa, que encoraja um certo comedimento.
Havia uma diferença clara.
A Inglaterra deu uma impressão diferente dos Estados Unidos?
Especulava-se que o público não seria tão efusivo, mas não era verdade. (risos) Comparativamente, era mais silencioso no início e no meio das canções mas, quando as estas acabavam, os aplausos e o apoio eram imensos.
Também faziam ““Yaaay”?
Sim. (risos) Era muito parecido. Em Londres, Zelda Williams2 entrou em palco como convidada e toda a gente ficou louca. 2Zelda Williams: É uma atriz, filha do ator americano de cinema Robin Williams. O pai dela deu-lhe o nome Zelda porque é um grande fã da série. Na Europa, ela apareceu em anúncios televisivos de The Legend of Zelda: Ocarina of Time 3D, The Legend of Zelda: Four Swords Anniversary Edition e The Legend of Zelda: Skyward Sword.
O (Koji) Kondo-san3 tocou um solo de piano no encore. 3Koji Kondo: Departamento de Desenvolvimento de Software, Divisão de Análise e Desenvolvimento de Entretenimento, Nintendo. Ele compôs muitas músicas para séries como 25.º aniversário de Super Mario Bros. e Iwata Pergunta: The Legend of Zelda: Ocarina of Time 3D: Som
É verdade. Ele foi tão bom que pensei (contorce-se): “Eu também quero tocar piano!” (risos)
(risos) Ouvi dizer que ele tocou alguma coisa de The Legend of Zelda: The Wind Waker4. Que canção foi? 4The Legend of Zelda: The Wind Waker: Um jogo de ação e aventura lançado para a consola Nintendo GameCube, em dezembro de 2002, no Japão.
Tocou “Grandma’s Theme”. Não é uma canção famosa, mas toda a gente a conhecia. E o que foi mesmo espantoso foi que ele nem sequer ensaiou!
O quê? Ele passou diretamente para a atuação sem um único ensaio?
Sim. O Kondo-san disse que escolheu essa canção porque era impossível enganar-se a tocá-la. (risos) Aparentemente, ele ficou mais tenso durante o discurso, mais tarde.
Isso é típico dele. (risos)
No momento em que ele terminou a sua atuação emotiva, toda a gente se levantou para uma ovação de pé. Foi do tipo: “O maestro chegou!”
Isso é incrível!
Apesar de as pessoas de cada um dos três locais expressarem as suas emoções de formas diferentes, acho que o que sentiam nos seus corações era o mesmo.
Enquanto acompanhavas o concerto, encontraste-te com os órgãos de comunicação social internacionais. Como foi a sua reação?
Muito forte.
Exato. Além disso, quase todos disseram que The Legend of Zelda: Skyward Sword é o melhor jogo da história da série.
Até agora, dizia-se a mesma coisa de The Legend of Zelda: Ocarina of Time.5 5The Legend of Zelda: Ocarina of Time: Um jogo de ação e aventura lançado para a consola Nintendo 64, em novembro de 1998, no Japão. O remake The Legend of Zelda: Ocarina of Time 3D foi lançado para a consola Nintendo 3DS, em junho de 2011.
Sim, os jogos têm recebido críticas favoráveis desde The Legend of Zelda: Ocarina of Time, mas eles dizem que Skyward Sword os supera de longe. E perguntam-nos como foi que o conseguimos. Toda a gente quer saber como. Mas é muito difícil dar uma resposta simples.
Ainda assim, mais à frente, gostaria de perguntar como foram capazes de o fazer. Mas, por agora, houve mais alguma coisa nesta digressão pelo mundo que te tenha causado impressão?
Os órgãos de comunicação social europeus foram um pouco diferentes. Convidaram fãs entusiastas para acompanhar as entrevistas.
Eles fizeram perguntas?
Sim. Um fã foi o vencedor do concurso de filmes sobre Legend of Zelda feitos por fãs, por isso ele realmente adora a série.
Como era o filme dele?
Era um filme de animação stop-motion em 2D de Zelda feito com papel. Só isso já era espantoso, mas também incluía elementos de toda a série. Supostamente, demorou uma semana a fazer, mas era tão espantoso, que se pensaria impossível fazer nesse espaço de tempo.
Nós agradecemos tamanha dedicação. E todos esses fãs entusiastas queriam falar-te e perguntar-te sobre o quê?
Primeiro, diziam os títulos que gostavam da série e, a seguir – sem exceção -, diziam que The Legend of Zelda: Skyward Sword era ainda melhor.
Mas ainda não o tinham jogado, pois não?
Não. (risos) Ainda assim, eles diziam convictamente: “Basta olhar para os vídeos para perceber isso!” (risos) E também diziam: “Porque parece que podemos fazer isto e aquilo!” E tinham razão.
Eles ainda não o tinham jogado mas, à sua maneira, interpretavam as informações colhidas nos vídeos que lançámos.
Assim parece. No fim, diziam: “Seja como for, estamos ansiosos por jogá-lo!”
Isso deve ser uma forma de expetativa pura. Normalmente, isso é impensável, quando apenas uma pequena parte do conteúdo do jogo é conhecida pelo público. (risos)
Acho que, desta vez, chegámos mesmo até eles. Ao falar com a comunicação social e os fãs, sentia pelo seu entusiasmo que eles tinham noção da densidade de conteúdo deste jogo.
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